Taylaine Moura de Oliveira*;
RESUMO
Este trabalho foi proposto pela
disciplina de Estágio Supervisionado 4, orientado pela professora Mariana Monteiro
de Macêdo Góis Barboza em parceria com o Tribunal de Justiça de Pernambuco com
a proposta de pesquisar e vivenciar as dimensões da atuação do pedagogo em
espaços não escolares, mais especificamente no ambiente de acolhimento
institucional para crianças e adolescentes localizado no município de Vitória
de Santo Antão em Pernambuco, Caminhos do Amanhã. A ação foi possível através
da participação no Projeto de extensão “Educar Pra Valer” voltado ao atendimento de crianças e adolescentes em
situação de defasagem escolar com uma duração de 52h, que foram divididas em
dois encontros semanais entre os meses de setembro, outubro e novembro do ano de
2018, totalizando 26 dias de intervenção. Enfatizando o trabalho com medidas de
apoio pedagógico social nas disciplinas de Português e Matemática com uma
educanda do 8º e 9º ano (quarta fase) da Educação de Jovens e Adultos,
intencionando identificar e amenizar as dificuldades mais intensas demonstradas
no processo de ensino-aprendizagem através de estratégias.
Palavras–chave: Espaços não escolares; defasagem; fracasso
escolar.
INTRODUÇÃO
A
intenção deste trabalho é evidenciar a prática do profissional pedagogo em
espaços não escolares, especificamente em uma unidade de acolhimento
institucional localizada no município de Vitória de Santo Antão, a instituição
Caminhos do Amanhã. Inaugurado em 2014, o ambiente é destinado ao acolhimento
de crianças e adolescentes em medidas protetivas, ou seja, que foram afastadas
de seus pais por diversas situações envolvendo negligência da parte destes.
Assegurada pela Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 que dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), a instituição conta com um amplo quadro de
funcionários.
Nela, foram
realizadas intervenções educativas através do Projeto de Extensão “Educar Pra
Valer” que é destinado ao atendimento de crianças e adolescentes em situação de
defasagem escolar, possibilitando uma participação pedagógica social ao unir
estudantes do curso de Pedagogia para realizarem um acompanhamento educacional
em contra turno para alguns estudantes da educação básica que estão inseridos na
instituição e em situação de atraso escolar, enfatizando durante essas
intervenções a atenção disponibilizada para duas principais disciplinas, que
foram, Português e Matemática.
O trabalho terá como objetivo geral: discutir a relação entre a teoria e a prática no
estágio supervisionado e a sua relevância no processo de formação do pedagogo, demonstrando
como objetivos específicos: o quanto
a diversificação dessa experiência ampliada para os ambientes sociais pode
contribuir para o seu desenvolvimento acadêmico e profissional. E apresentar o
problema da defasagem escolar, tratado sobre a perspectiva da repetência
escolar e buscar favorecer o processo de ensino-aprendizagem de crianças e
adolescentes que compartilham essa situação e a realidade de residir em uma
casa de acolhimento. A luz de escritores como Magda Soares, que aponta o quanto
uma prática de alfabetização distante do letramento pode dificultar ao educando
colocar em ação os usos sociais das tecnologias de leitura e escrita, levando
muitas vezes ao fracasso escolar.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
O fenômeno do fracasso escolar é
estudado por diversos autores devido os seus efeitos na sociedade que são, por
exemplo, as desigualdades econômicas e sociais. Perigosamente, encontramos em
sala de aula um dos principais modelos de exclusão quando os estudantes são
classificados de acordo com os seus resultados nas avaliações e comportamentos
durante a rotina escolar. Características consideradas essenciais para o
processo de formação como por exemplo, a compreensão de textos, são umas das
mais escassas tendo em vista o pouco trabalho do letramento na comunidade
escolar.
O letramento, introduzido no
Brasil por Magda Soares entre os anos de 1990 é o ato de dar usos sociais para
as faculdades de leitura e escrita. Partindo do princípio de que não deveria
haver uma alfabetização sem o letramento, uma vez que o mesmo daria sentindo e
uso social para leitura e a escrita, então estaria o ambiente educativo criando
oportunidades para situações como a defasagem e posteriormente, até mesmo o
fracasso escolar, uma vez que o mesmo é uma prática bastante comum entre alunos
repetentes.
Na verdade, o
discurso oficial pela democratização da escola, seja na direção quantitativa,
seja na direção qualitativa, procura responder à demanda popular por educação,
por acesso à instrução e ao saber. A escola pública não é, como erroneamente
se pretende que seja, uma doação do Estado ao povo; ao contrário, ela é uma
progressiva e lenta conquista das camadas populares, em sua luta pela
democratização do saber, por meio da democratização da escola. Nessa luta,
porém, o povo ainda não é vencedor, continua vencido: não há escola para todos,
e a escola que existe é antes contra o povo que para o povo. (SOARES, Magda. 2017).
Continuamente,
temos a associação com o Projeto de Extensão “Educar Pra Valer” que assim como
foi dito anteriormente, busca atender estudantes em situação de defasagem e
amenizar os seus efeitos, com mais um acréscimo que é a situação do acolhimento
institucional em que a educanda em questão está inserida sobre medidas
protetivas, demonstrando assim, indícios sobre o seu contexto familiar. Então, com
base no Estatuto da Criança e do Adolescente em seu “Art. 100. Na aplicação das
medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários”.
Em outras
palavras, uma via dupla em que permite no sentido do fortalecimento comunitário
uma participação pedagógica social introduzindo estudantes do curso de
Pedagogia para realizar um acompanhamento educacional em contra turno para
estudantes da educação básica, enfatizando duas disciplinas de Português e
Matemática. Ou seja, outros métodos de capacitação durante a formação pedagógica
através do contato com espaços não escolares, aliado ao enfrentamento dos
efeitos da defasagem na vida escolar dos estudantes da educação básica em
situação de acolhimento.
Então, após o
primeiro encontro com a educanda de 15 anos de idade, estudante da quarta fase
da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em que foi realizado uma sondagem para
conhecer as suas principais dificuldades foram elaborados planos de aula e
atividades com a intenção de amenizar as maiores carências educacionais
demonstradas. Por questão de organização as aulas foram organizadas para serem
uma de Português em um dia e a de Matemática no próximo encontro da mesma
semana.
Para isso,
foram estudados os Parâmetros Curriculares da Educação Básica de Pernambuco (2013)
nas disciplinas correspondentes para a modalidade de jovens e adultos com a
finalidade de especificar os conteúdos que seriam trabalhadas durantes as 26
aulas que foram oferecidas. A organização para o tempo de acordo com a
quantidade de aulas ficou assim como apresentado no Gráfico 1, as maiores
dificuldades notadas na educanda estão no Gráfico 2 e alguns dos principais
conteúdos que foram desenvolvidos nos encontros além dos métodos avaliativos
utilizados estão no Gráfico 3.
Fonte: elaboração própria.
Fonte: elaboração própria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo como
base todos os dados teóricos que foram utilizados nas aulas e vivenciados
durante a prática do projeto, houve uma conscientização da importância do
oferecimento de atividades diversificadas por parte das Instituições de Ensino
Superior (IES) com o objetivo de contribuir e fortalecer a formação do
profissional de Pedagogia, uma vez que é exigido do mesmo uma performance
multifacetada no mercado de trabalho contemporâneo. Por isso, faz-se necessário
experiências em espaços não escolares, assim como em educação social. Que mesmo
distante do ambiente escolar convencional, que é a sala de aula, é pensado para
favorecer o desenvolvimento escolar dos estudantes, assim como a educanda
citada na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
REFERÊNCIAS
Parâmetros Para a Educação Básica do Estado
de Pernambuco. Parâmetros na Sala de Aula. Português, Educação de Jovens e
Adultos, Pernambuco: SEE, 2013. Disponível em: http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/4171/PSAdigital_PORTUGUES_EJA.pdf
Acesso em 02 de setembro de 2018.
Parâmetros Para a Educação Básica do Estado
de Pernambuco. Parâmetros na Sala de Aula. Matemática, Educação de Jovens e
Adultos, Pernambuco: SEE, 2013. Disponível em:http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/4171/PSAdigital_MATEMATICA_EJA.pdf
Acesso em 02 de setembro de 2018.
http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=1&cat=36&art=1047
Acesso em 17 de outubro de 2018.
SOARES, Magda. O fracasso da/na escola: uma escola para o
povo ou contra o povo? Editora Contexto, 2017. Disponível em: https://www.editoracontexto.com.br/blog/magda-soares-o-fracasso-da-escola/
Acesso em 17 de outubro de 2018.
APÊNDICES A – FOTOGRAFIAS
RELACIONADAS AS ATIVIDADES PRÁTICAS DESENVOLVIDAS NA CASA DE ACOLHIMENTO “CAMINHOS
DO AMANHÔ
FIGURA
1 – PRODUÇÃO ARTÍSTICA REALIZADA NO PRIMEIRO CONTATO A PARTIR DO TRECHO QUE
TRATA SOBRE OS BAOBÁS DA OBRA “O PEQUENO PRÍNCIPE”
Fonte: acervo da experiência, 2018.
FIGURA 2 – PROJEÇÃO
DE FIGURAS GEOMÉTRICAS DESENVOLVIDAS DURANTE UMA ATIVIDADE DE CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS
Fonte: acervo da experiência, 2018.
FIGURA 3 – FINALIZAÇÃO
DAS ATIVIDADES DO PROJETO “EDUCAR PRA VALER”
Fonte: acervo da experiência, 2018.
VÍDEO
1 – COMPILADO DE FOTOGRAFIAS E O TEMA DA SÉRIE FAVORITA DA EDUCANDA
Fonte: acervo da experiência, 2018.
Referência Bibliográfica desta publicação:
OLIVEIRA,
Taylaine Moura de. Uma
experiência com ambientes não escolares em um acolhimento institucional: estratégias para amenizar os efeitos da
defasagem. Disponível em:
https://pedagogiasocialportaylainemoura.blogspot.com/
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