Na versão publicada pela editora Lafonte no ano de 2017, “A Ciência Gaia” de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900) constitui em uma série de rimas alemãs acerca do desenvolvimento do conhecimento e conservação do que é conhecido como sabedoria da espécie humana no decorrer do tempo, também associado à processos culturais de repetição de comportamentos e valores particulares que materializados e trabalhados tornaram-se valores universais investigados, testados e questionados ao ponto de ciência, uma ciência gaia.
De acordo com o autor, é necessário a consciência e a incorporação com humor trágico da ideia máxima de que “a espécie é tudo, o indivíduo não é nada”, possível de compreensão por meio da reflexão do que foi definido pelos gregos sobre o que é educação e conhecimento, assim como entendemos pelas definições de cultura clássica.
O que poderá muito bem ser verificado quando a humanidade tiver incorporado a máxima: “a espécie é tudo, o indivíduo não é nada”, e quando cada um dispuser, a cada momento, de um acesso a essa liberação derradeira, a essa derradeira irresponsabilidade. Talvez então o riso se tenha aliado à sabedoria, talvez então resulte em nada mais que a “gaia ciência” (NIETSZCHE, 2017, p.36).
Em
“minha dureza”, Nietszche (2017, p.24) rima: “Devo subir mais de cem degraus,
devo subir eu os ouço dizer: És duro! Será que somos de pedra então?” – Preciso
subir mais de cem degraus, e ninguém quer servir de degrau.” Para ele,
a simples observação dos diferentes graus de crescimento que os instintos humanos adotaram ou poderiam adotar, segundo os diferentes climas, já dariam muito que fazer ao mais laborioso; seriam necessárias gerações de sábios trabalhando segundo um plano comum para esgotar os diferentes pontos de vista e o conjunto da matéria (Idem, 2017. p. 43).
Figura 1 – Trecho das rimas filosóficas
de “A Ciência Gaia”
Fonte: acervo pessoal, 2022.
Dado isto, haveria inconscientemente na espécie humana uma tarefa universal incumbida nos períodos temporais: há de interiorizar o conhecimento, incorporando-o à um estado de conservação e sabedoria. Neste sentido, pelo movimento temporal, o saber seria internalizado até tornar-se instintivo e favorável à evolução do espírito de um determinado povo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NIETSZCHE, Friedrich Wilhelm. A
gaia ciência. Tradução: Antonio Carlos Braga. – São Paulo:
Lafonte, 2017.